Alerta de radiação
Torres de celular, de TV e FM
provocam radiações perigosas
provocam radiações perigosas
Com a grande demanda por celular, cresce o
número de torres de radiofreqüência nas cidades brasileiras sem que o país
tenha legislação a respeito
Uma
das conseqüências do processo de privatização das telecomunicações está no crescimento
fantástico do setor e, conseqüentemente, na proliferação de torres de telefonia
celular nos municípios brasileiros. O assunto é tão novo que ainda não há
estatísticas a respeito. Essas torres estão se somando às de TV e às de rádio
FM, transformando a paisagem e o meio ambiente das pequenas, médias e grandes
cidades. A maioria das pessoas assimila a presença delas como símbolo de
conforto e tecnologia e desconhece os efeitos causados pelo novo "habitante".
O setor mais do que cresce: atropela e expande numa velocidade incrível, sem
que o Brasil possua legislação para regulamentar a instalação de torres de
emissão de radiofreqüência. As pesquisas sobre os índices de radiação dos
aparelhos de celular e das torres de radiofreqüência estão apenas começando.
A
presença delas significa conforto, modernidade e tecnologia para a comunicação
entre as pessoas. Nesse sentido ninguém é contra a presença das torres de
radiofreqüência na vizinhança. Acontece, porém, que a chegada das torres de
celular também significa ter cuidados, que deveriam estar previstos em lei,
diante dos altos riscos que representa conviver com elas.
Os
estudos sobre os efeitos da radiofreqüência no corpo humano e a definição dos
índices aceitáveis para as torres e aparelhos celulares ainda são insipientes
no Brasil. Não há nenhuma legislação em vigor, nem projeto de lei tramitando
sobre o assunto no Congresso Nacional. A única medida preventiva que se tem
notícia é uma portaria baixada pela Anatel em dezembro/99, que recomenda a
adoção dos limites em vigor na Europa, mencionados na publicação "
Guidelines for Limiting Exposure to Time-Varying Electric, Magnetic, and
Electromagnetic Fields" (Health Physics, Vol. 74, nª 4, pp 494-522, 1998 -
a tradução para o português dessa publicação foi feita pela Associação
Brasileira de Compatibilidade Eletromagnética-Abricem, realizada pelo Grupo de
Trabalho de Efeitos Biológico dessa entidade). Um consenso mundial sobre o
índice tolerável de radiação para o corpo humano não está realmente definido.
Atualmente, estudiosos concordam apenas que cada pessoa pode suportar a
radiação que varia entre 9 e 40 volts/metro. Acima de 40 v/m todos concordam
que é prejudicial à saúde. Várias dúvidas pairam sobre o tema, inclusive se a
radiação tem efeito cumulativo no corpo humano.
Primeiras
ações trabalhistas
No
Brasil, as primeiras ações trabalhistas decorrentes dos problemas de saúde
causados pela radiação são da década de 70 e foram acionadas por técnicos da
Telebrás, que trabalhavam próximos aos transmissores e antenas da companhia.
Eles alegavam vários efeitos nocivos e seqüelas, e especialmente, impotência
sexual. Desde então, iniciaram-se os estudos no país a respeito e, até hoje,
pouco conclusivos.
Segundo
o professor da Universidade Federal da Bahia do curso de Engenharia de
Telecomunicações, Roberto Costa e Silva, que leciona a disciplina Propagação de
Sinais Elétricos e lida com o tema radiação desde 73, antes da privatização das
empresas de telecomunicações, havia praticamente uma companhia telefônica nas
cidades e o número de torres era estável. Depois da privatização, várias
concessionárias de telefonia móvel e fixa passaram a responsabilizar-se pelos
serviços de telecomunicações e o número de torres de telefonia celular
disparou. "O brasileiro está tendo acesso ao celular, antes de ter sido
atendido pela telefonia fixa. Ou seja, a telefonia celular está sendo usada
como telefonia fixa no Brasil. Não há normas para a instalação de torres",
explica. Além do problema referente à instalação das torres de celular, o
professor também afirma que os aparelhos vendidos no mercado brasileiro não
passam por uma avaliação adequada em termos de radiação. O aparelho analógico,
por exemplo, é o mais poluente e tóxico. Já os digitais são menos radiativos e
causam menos problemas à saúde. Um dos conselhos do professor para os usuários
de celular é falar no máximo seis minutos, a cada ligação. "É o tempo
médio para o corpo humano assimilar a radiação".
A
portaria baixada pela Anatel em dezembro/99 recomenda os índices europeus para
radiação permitida às torres e aparelhos de celular. A partir de dezembro/2000
as concessionárias e fabricantes de celular vão ter que medir e informar os
índices de radiação. As concessionárias terão de informá-los ao requerer o
projeto de instalação das torres. Alguns municípios estão providenciando
legislação municipal para disciplinar essa questão. Deve haver uma distância
mínima entre residências, escolas, hospitais e as torres. "Certamente há
registros em hospitais brasileiros de moradores vizinhos de torres de TV, FM e
celular com problemas como dores de cabeça e náuseas", desafia o professor
Costa e Silva.
Investir
em pesquisa científica sobre a emissão de radiofrequência visando definir os índices
de tolerância à radiação brasileiros, é premente. Adquirir equipamentos para
medi-los, urgente. É dificil obter a resposta exata em relação ao número de
medidores de intensidade de radiação existentes no país. " A Unicamp
possui um equipamento desses. A UFBA fêz um convênio com a concessionária
Maxitel, que doará um equipamento de medição de intensidade de radiação para as
pesquisas e em contrapartida faremos as medições", revela Roberto. Outra
providência urgente é a elaboração e aprovação de uma legislação federal sobre
o assunto. A regulamentação da colocação de torres de TV, FM e de celular
deverá determinar limites, em termos de distância mínima, potência e
frequência, em todo o país. "Senão cada município terá de fazer a sua
legislação, o que significaria que a qualidade de vida seria diferente em cada
cidade brasileira". Em 1991, foram instaladas as primeiras torres de
celular no país, na cidade do Rio de Janeiro. Nos municípios de Maringá(PR),
Porto Alegre e Campinas há legislação sobre o tema. O Brasil é considerado um
dos campeões mundiais em uso de telefonia móvel. Os brasileiros precisam ser
informados sobre os efeitos dos celulares. "Tecnologia é bom, mas é
preciso saber usá-la", alerta o professor.
Cuidados e conclusões básicas
·
Não
coloque o aparelho celular no ouvido de bebês e crianças muito pequenas,
·
Fale
durante 6 minutos, no máximo, a cada ligação;
·
Transfira
a ligação do celular para o telefone fixo, sempre que possível;
·
Celulares
digitais são menos tóxicos do que analógicos;
·
Dores
de cabeça, náuseas, azia, problemas de vista e impotência sexual podem ser
sintomas de exposição à radiação em excesso. Observe se há torres de TV, FM e de
celular perto de sua casa. Consulte um neurologista;
·
A
radiação em excesso afeta especialmente o sistema nervoso central e causa a
perda da flexibilidade muscular;
·
Não
aproxime o rosto do forno de microondas ao abri-lo;
·
Adote
uma distância mínima equivalente ao dobro da largura do aparelho de TV, para
assisti-la;
·
Não
é aconselhável a instalação de torres de radiofrequência (TV, FM e celular) em
shopping centers;
·
Escolas,
creches, asilos e hospitais não devem ter torres de radiofrequência em suas
imediações.
Potência
de radiação das torres (em média)
Torres
de TV - de 1 watt a 50 mil watts
Torres de FM - de 1 watt a 30 mil watts
Torres de celular - de 20 mil watts a 50 mil watts
* As torres são definidas conforme o tamanho da cidade.
* A distância média mínima de uma torre deve ser o equivalente a um raio de 50 metros.
Torres de FM - de 1 watt a 30 mil watts
Torres de celular - de 20 mil watts a 50 mil watts
* As torres são definidas conforme o tamanho da cidade.
* A distância média mínima de uma torre deve ser o equivalente a um raio de 50 metros.
Telefones
celulares
um pouco da história e das normas
um pouco da história e das normas
O
primeiro rádio de comunicação celular entrou em operação em 1928, nos Estados
Unidos, e seu usuário foi a polícia de Nova York. O equipamento circulava pela
cidade dentro de um porta-mala de um carro da polícia, que também contava com
uma antena. Foi um sucesso. Em 1946,
a telefonia móvel chegou aos cidadãos americanos, que
podiam adquirir o sistema de comunicação móvel. As primeiras normas de proteção
em relação à emissão de radiofreqüência no mundo foram implantadas na Europa e
Estados Unidos, na década de 50.
Dos
anos 50 até 83, muitos modelos de telefones móveis instalados em carros foram
produzidos e consumidos. O primeiro sistema de telefonia celular europeu data
de 82, tendo sido a Espanha o primeiro país a fazê-lo. Só em 83, entrou em
operação o primeiro sistema de telefonia celular - o "Amps", que
ficou conhecido como analógico - nos Estados Unidos. As normas para a
radiofrequência foram estendidas e aperfeiçoadas para as torres de telefonia
celular e aparelhos celulares. O uso de massa dos celulares nos EUA tem apenas
cinco anos. Hoje, são cerca de 95 milhões de aparelhos em operação. As normas
atuais americanas determinam que, a partir de 2001, os fabricantes terão de
trocar todo o invólucro e antenas dos aparelhos celulares disponíveis no
mercado, para evitar os malefícios da radiação no corpo humano. Atualmente, o
sistema TDMA-Time Division Multiplex Access é considerado menos agressivo ao
meio ambiente e ao ser humano do que o CDMA-Code Division Multiplex Access, um
sistema eminentemente militar.
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